Piece of Mind - Iron Maiden (1983)

O Iron Maiden em seu começo, a cada passo dado era uma evolução, a cada novo disco havia sempre algum acréscimo em termos de criatividade, como em arranjos ou pegadas diferentes e isto ia consolidando cada vez mais a banda no Metal mundial. Mais de um ano após ter estourado com “The Number of the Beast”, a Donzela de Ferro lançou seu quarto álbum, o aniversariante de hoje, Piece of Mind.

A banda era como um trem sem freio, não tinha limites que eles não pudessem ultrapassar, sendo que as composições surgiam naturalmente cada vez mais densas, empolgantes e criativas. Para se ter ideia, a “Where Eagles Dare” que abre o disco, é uma faixa tipica de inicio de álbum, sendo que ao mesmo tempo se auto contraria e não é(consegue entender? rs). Uma música impactante, mas também era muito instrumental e isso dependendo nas mãos de quem estivesse, poderia diminuir a intensidade.

Toda música de abertura precisa ter força e precisa surpreender seu público, e nos seus seis minutos de duração o espaço é dividido entre pequenas aparições de Bruce Dickinson, sendo que maior parte é ocupado por solos e variações rítmicas. Mais uma vez, Steve Harris apresentou mais uma das suas monstruosas composições, à altura de “Phantom of the Opera” e “Hallowed be thy Name”, e dentro desse mesmo disco, posicionada de forma a cercar todo o repertório, tinha também a fantástica “To Tame A Land”, sendo essa faixa uma peça magnifica e surpreendente, inspirada no livro “Duna”. Mas o fato de “To Tame a Land” estar posicionada no final do disco e ter tipo de arranjo muito bem elaborado, faz com que ela soe como se fosse a primeira música do álbum seguinte, pelo menos em minha opinião.

Assim como Harris veio com “Where Eagles Dare”, quem teve a honra de executar os segundos iniciais da música foi Nicko McBrain, o estreante do disco e da banda. Quem também marcou o disco foi Bruce Dickinson, de forma espetacular executou sua primeira composição em um disco do Iron Maiden com “Revelations”. São quase sete minutos de uma música de encantar qualquer ouvido exigente, misturando drama e dinâmica, que confirmariam de uma vez por todas, que este era o cara, que ocupava o cargo certo, para se consolidar como um dos maiores vocalistas e compositores da história do Heavy Metal Mundial. E para reafirmar isso, a música seguinte, feita em parceria com Adrian Smith, relativamente curta dentro do repertório do álbum, tornou-se uma das melhores canções da banda: “Flight of Icarus” é uma canção certeira, sem excessos, mas que tem todas as suas partes extremamente bem resolvidas e bem amarradas: introdução, estrofes, refrão, encerramento, tudo concebido com talento ímpar de composição.


Dando sequencia neste álbum, duas faixas semelhantes no ritmo acelerado, mas “Die With Your Boots On” não teve a mesma sorte que a épica “The Trooper”, eternizada nos setlists pessoais dos fãs de Iron. Em todo caso, o melhor ainda estava por vir e é curioso ver que mesmo assinando tão poucas composições na banda, Dave Murray é co-responsável por uma das músicas favoritas dos Maidens, “Still Life”, um começo sutil que evolui aos poucos, para receber uma explosão até o seu refrão, isto descreve este clássico, que até então Murray só tinha seus créditos em “Charlotte the Harlot” e em “Twilight Zone”, mas se pararmos para ouvir, podemos ver quanto “Still Life” é um salto imenso de qualidade sonora, uma obra prima que só uma grande banda pode se dar o luxo de deixar de fora de seus shows.  Chegando ao final do disco, das três últimas faixas, tirando a obra já citada, “To Tame A Land”, o destaque é “Quest For Fire” que não nega ter sido mais uma música composta por Harris, visto a belíssima linha de baixo da mesma, que domina praticamente todos os segundos da faixa.

O Iron Maiden era uma banda merecedora de status de banda na qual se espera muito e “Piece of Mind” correspondeu a essa expectativa, sendo que a seguir ainda viria, “apenas” Powerslave, ou seja, emplacando dois bons discos em seguida, ou melhor, três ótimos discos.

Postada originalmente n'O SubSolo